No
decorrer de sua história a educação brasileira tem passando por fases
significativas de mudanças. Esta, fruto de uma pedagogia tradicional, com origem
na doutrina dos jesuítas, permaneceu muito tempo com idéias puramente
positivistas, onde o aluno era apenas um receptor de conteúdos prontos,
transmitidos pelos professores. Por volta do século XIX surge a Escola Nova, com
base na teoria educacional de John Dewey. Que propunha dá mais ênfase a
ação do que a teoria. Portanto, a pedagogia da ação. Com o intuito de valorizar
a experiência do aluno.
Com a
ausência da escola Nova, que fracassou, surge a pedagogia tecnicista, com o
desenvolvimento da indústria. Com base nas ciências e nas técnicas, onde cada
aluno era visto como ferramenta de trabalho específico. Portanto, uma pedagogia
com tendências muito voltadas para o positivismo. Podemos assim dizer: uma
versão moderna da escola tradicional. Já nas décadas de 50 e 60 foram marcadas
pela alfabetização de adultos com a pedagogia da libertação, de Paulo Freire.
Pedagogia essa que veio clarear muitas mentes educadoras que passaram a ver
possibilidades onde habitavam cinzas. Entretanto, nos dias atuais, mesmo com as
mudanças políticas, tecnológicas, sociais, comportamentais... a educação ainda é
ministrada com base tecnicista, cuja metodologia é autoritária e
antidemocrática
.Percebe-se que apesar destes avanços, de se ouvir dizer
que a escola é um direito de todos e dever do estado. Esta, na prática,
permanece seletiva e excluidora, como sempre foi. Uma vez que usa uma medida só
para todos os alunos, o que desrespeita a individualidade do ser. Daí, o triste
e preocupante resultado: a cada ano, grandes escolas fecham salas de aulas. E a
pergunta solta no ar: para onde estão indo seus alunos? A resposta
é arrepiante: estão nas bocas de fumo tentando sobreviver. Pois a única
oportunidade que têm de mudança de sua história de sofrimento é a escola. E
esta, sem perceber, lhes fecha as portas.
.Com
isso, não quero dizer que desconheço todo o sistema político, econômico e social
em que a escola está inserida. Sei perfeitamente que a escola é apenas uma
engrenagem neste grande contexto. Entretanto, é a escola responsável pela
formação de mentes humanas por trabalhar com o conhecimento formal. E, o que
observamos é que o sistema ideológico político é tão bem emaranhado que, nós
educadores, acabamos sendo arrastados por ele, conformados. Acreditamos que a
vida é assim mesmo e não podemos nada fazer. Enfim, ficamos em cima do muro, sem
assumir a nossa verdadeira responsabilidade: abrir mentes e educar para a
cidadania.
Sei a
importância de todos os profissionais para o desenvolvimento de um país. E, o
mais interessante é que cada um deles, só se torna profissional se passar por
mãos de vários educadores. Daí, eu considerar que temos capacidades suficientes
para plantarmos a semente de libertação da cegueira humana em muitas
mentes
.Com
isso quero chegar ao titulo deste texto: pedagogia do afeto. É esta minha
bandeira de luta enquanto puder ser educadora e gente. Precisamos olhar cada
aluno que adentra nos portões escolares com um olhar específico e extremamente
acolhedor para que este se sinta motivado a voltar todos os dias em busca de sua
arma de libertação: o saber. Ao invés de estar usando a mão como arma para se
destruir com drogas ou assaltando a mão armada.
Essa
mesma pedagogia poderá ser chamada de: pedagogia do respeito; da dignidade; da
valorização do ser; da paz. Não importa. O fato é que há uma necessidade social
gritante desta pedagogia ser posta em prática enquanto há tempo para sermos
educadores. Pois, do jeito e com a rapidez que as coisas estão caminhando nossa
escola está prestes a fechar definitivamente suas portas por falta de
competência em realizar a sua missão de educar.
Fácil
sei, não é, mas já pude constatar várias vezes, em questão de semanas o aluno
carimbado de “mau”, se transformar em um ser humano doce e carinhoso. Isto
apenas usando a pedagogia do afeto. Com isso não significa dizer que devemos
passar a mão na cabeça e dizer amém pra tudo que o aluno faz. Mas sim, olhá-lo
com os olhos do coração e demonstrar que acreditamos em seu potencial, enquanto
vamos lhe apresentando regras disciplinares
Nenhum comentário:
Postar um comentário